Qual origem do atual caos logístico Global, especificamente em nossa região (LATAM)?

Difícil sinalizar apenas um fator, que nos levou a chegar no atual cenário caótico. Há muitos anos, as companhias marítimas, vinham operando na importação, com valores defasados, em torno de USD 200.00/400.00 por TEU, no trade ASIA (Main Ports) x LATAM (Main Ports) por exemplo. Apenas como parâmetro, esse era o mesmo nível de frete aplicado, na rota Mercosul de SSZ (Santos) x BUE (Buenos Aires), que infinitamente o transit time e custos operacionais, são menores.

Porém, as companhias se sujeitavam a operar nesse nível, para realizar o processo de Equipment Imbalance das unidades, principalmente das unidades Reefers, que são de extrema importância, para as exportações de produtos resfriado e/ou congelado, uma vez, que o Brasil, é um dos maiores exportadores de proteína do mundo.

Cenário que impossibilitou os armadores, realizarem investimentos necessários, em modernização de frota, navios com maior capacidade, bem como ampliação e renovação das unidades de contêineres, onde as unidades, foram saindo de operação, e não eram substituídas e tão pouco ampliada a capacidade, gerando mais um dos problemas, que o mercado veem enfrentando atualmente. Dado esse cenário alguns players: Evergreen, Hapag Lloyd realizaram recentemente pedido de compra de novos equipamentos, que a médio e longo prazo os reflexos de essa iniciativa serão percebidos.

Outros eventos extraordinários globais, que contribuem, para o atual cenário, como as ondas de covid-19 e suas variantes, que assolam o mundo até os dias atuais, o bloqueio do canal de Suez que aumentou significativamente o backlog (acumulo de carga), agravando ainda mais a situação, fechamento de terminais como o porto chinês de Ningbo o terceiro maior do mundo em movimentação de contêineres.

No Brasil, o comércio com a China foi o mais afetado, o que se reflete nos fretes marítimos em patamar recorde. Nas rotas de importação vindas da China, o frete médio registrado em julho de 2021 foi 7,35 vezes maior se comparado ao ano anterior, a rota Xangai-Santos apresenta custo de US$ 11 mil por contêiner de 20 pés, contra US$ 1.500 em agosto de 2020. É um nível histórico, que não deve recuar tão cedo. Hoje, não é apenas a importação da China que está com fretes acima do normal. O custo do transporte vindo da Europa triplicou desde março deste ano. As rotas do Golfo também estão pressionadas, e os trajetos vindos dos EUA, que estavam sob controle, dispararam nas últimas semanas, equalizando as perdas de muitos anos, que levaram muitas empresas do seguimento a falência e fusões. O atual cenário de valores altos, falta de espaço e equipamento provavelmente irão se manter, por pelo menos 15 meses. Tempo que a indústria irá levar para normalizar as operações e voltar aos trilhos.